
O mundo do autismo
"A vida é como um quebra-cabeças. Deveríamos parar de tentar encaixar as pessoas onde elas não cabem."
porque falar sobre
Entenda a importância que há em falar sobre o TEA, uma vez que, comumente, essas pessoas sofrem algum tipo de discriminação. Por esse motivo, saiba também sobre como, onde e porque o preconceito com a pessoa autista acontece e perceba como pode evitá-lo. Assim, fique por dentro de leis que amparam indivíduos com diagnóstico e suas famílias.
você sabia?
Apresentamos aqui as pessoas presentes na cultura pop que possuem sintomas e diagnóstico de TEA e que tanto colaboram com a representação dessas pessoas, desde cantores e compositores até cientistas e filósofos.
Arte na capa: “Rick and Morty“, série animada do autor Dan Harmon, diagnosticado com a síndrome de Asperger.
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Gostaríamos de saber como foi a visitar o site pra você e de saber um pouco da sua experiência com a temática do Autismo.
Por esse motivo, gostaríamos que você respondesse algumas perguntinhas sobre o assunto no formulário abaixo, pode ser?
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Sobre nós
Esse site foi criado como produto de um projeto, executado pelos alunos do segundo semestre da graduação de psicologia do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), com o intuito de promover a maior conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, assim, impactar na inclusão dessas pessoas no meio acadêmico do ensino superior.
Para a produção desse projeto, que engloba os módulos do semestre, os membros da equipe estudaram sobre o assunto ao longo do período e desenvolveram uma revisão de literatura que fala sobre a história do autismo, do reconhecimento do transtorno enquanto patologia, das formas de tratamento e abordagens na área da saúde e explana sobre as lutas para a maior inclusão desse público na sociedade, tratando da efetivação dos seus direitos e mostrando, especificamente, as que concernem ao âmbito educacional.
São os autores: Airton Fernandez, Alessandra Silva, Amanda Brito, Amanda Raithy, Ana Paula Malheiros, Laila Lima e Thamyres Bastos.
Contato: [email protected]
o que é o tea?

O transtorno que conhecemos como “autismo”, é chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no DSM-5 e engloba diferentes condições marcadas por perturbações no desenvolvimento neurológico e reflete um consenso entre os quatro transtornos que antes caracterizaram uma única condição, com diferentes níveis de gravidade. Estes eram “Transtorno Autista”, “Transtorno de Asperger”, “Transtorno Desintegrativo da Infância” e “Transtorno Global do Desenvolvimento” sem outra especificação.
Para diagnosticar o TEA, os clínicos avaliam as pessoas ao longo de dois domínios centrais. São eles: distúrbios sociais e da comunicação; variedade restrita de interesses e desempenho de comportamentos e atividades repetitivas. A cada domínio, os profissionais especificam os níveis de gravidade e se requerem apoio substancial. Além disso, sobre os principais traços de características, quando criança, a pessoa com autismo, pode apresentar atrasos no desenvolvimento da linguagem, a esquiva do contato visual, e suas expressões faciais, seus gestos e sua postura podem chocar as pessoas, taxando-as como “esquisitas” e incomuns. Sobre isso, destaca-se a comum realização de comportamentos repetitivos - estereotipias - ou restritos, como tamborilar os dedos, balançar as mãos, contorcer o corpo ou emitir os mesmos sons repetidamente – ecolalia.
Além disso, ressalta-se que as pessoas com autismo podem desenvolver interesses muito limitados e focalizados de forma específica, que vai além dos interesses sociais comuns, podendo ser especialistas nessa área de interesse - hiperfoco . Outro sintoma importante de se destacar é a hipersensibilidade ao som, a luz ou ao cheiro.
Ademais, socialmente, salienta-se que os padrões de amizade de uma pessoa com autismo também se difere dos demais, já que não parecem gostar de se envolver em situações sociais de compartilhamento de experiências ou de se envolver em situações sociais de troca. As características, de modo geral, tornam-se mais proeminentes quando a pessoa chega à fase dos primeiros passos e à da idade escolar. Além disso, a condição continua por toda a vida, assumindo inúmeras formas, sintomas e gravidade.
por que falar sobre?

Em 2012, quando a Lei Berenice Piana (n° 12.764) instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e aqueles com o TEA passaram a ser consideradas pessoas com deficiência, houve também a inclusão nas diretrizes relacionadas à educação, consequentemente gerando o aumento do ingresso destas em instituições educacionais. Dessa forma, o ensino superior passa a ser um objetivo um pouco mais próximo da realidade para essas pessoas.
Com esse aumento, é visível o quão necessário se faz o processo de conscientização sobre o assunto para as pessoas consideradas neurotípicas – que não estão no espectro do autismo – já que o TEA se manifesta de forma diferenciada em cada indivíduo. Enquanto para alguns os sintomas se manifestam com maior intensidade, para outros o processo ocorre de forma mais leve. Essa é uma das diferenças que faz com que o autismo seja rodeado de dúvidas e preconceitos, já que, quando em graus mais baixos, não apresenta características visuais que indiquem a existência da deficiência.
O processo de conscientização é de extrema importância para que, cada vez mais, as pessoas tenham acesso à informação e saibam lidar de maneira correta e positiva com aqueles que possuem TEA. O objetivo final é desenvolver a compreensão e a empatia, para evitar a criação e desenvolvimento de ideias preconceituosas e equivocadas sobre o transtorno, procurando o proporcionar maior acolhimento para os autistas e seus familiares, a fim de gerar melhores condições de vida e convivência nas instituições de Ensino Superior e no seu cotidiano.
vocÊ sabia?

O TEA possui diversos e complexos níveis, variando entre sintomas mais leves e não perceptivas até sintomas extremamente presentes. O autista, em toda a sua diversidade, está inserido na indústria cinematográfica, literária e artística em geral, entretanto, muitas vezes de forma invisível e não debatida. Portanto, é importante nomear e reconhecer os grandes famosos da cultura pop que possuam o TEA, tanto de forma a gerar maior representatividade e conhecimento acerca do tema quanto para criar meios de combate ao preconceito.
Todos os campos do entretenimento atual possuem autistas em seus meios, alguns deles muito famosos e referências em seus campos de atuação, tanto na ficção quanto na realidade.
Personagens fictícios: Atualmente, é cada vez mais comum encontrar o autismo como tema abordado em criações televisivas, literárias etc. Dentre elas: Desenhos e quadrinhos: O personagem André, da “Turma da Mônica“, gibi do criador Mauricio de Sousa; o personagem “Guru“ do desenho animado “Ursinho Pooh“; e, além desses, o desenho animado “Pablo“, trazendo a visão de uma criança com autismo sobre o mundo que a cerca.
Séries: A série americana “Atypical”; A série americana “The Good Doctor”; e, também, vale citar a novela brasileira “Amor à vida”.
Literatura: O livro infantil “O menino Só”e o livro infantil “Meu amigo faz iiiii”.
Cinema: O filme “O farol das orcas”.
Pessoas reais: A introdução de pessoas autistas no entretenimento mundial cresce rapidamente, porém muitos desses autistas acabam passando despercebidos. Portanto, é importante nomeá-los. Dentre os mais conhecidos, estão:
Música: A cantora e compositora Courtney Love, e a cantora e ganhadora da edição de 2009 do programa de competição musical “Britain’s Got Talent” Susan Boyle.
Atuação: A atriz “Daryl Hannah”, que atuou em filmes enigmáticos como “Blade Runner” (1982) e “Kill Bill: Vol 1” (2003).
Direção: O diretor Dan Harmon, criador da série animada “Rick and Morty”; e Tim Burton, enigmático diretor e animador de filmes e desenhos, tanto originais quanto adaptados, como “Alice no país das maravilhas” (2010) e “A noiva cadáver” (2005).
Além disso, outras figuras clássicas e contemporâneas também possuem traços que caracterizam o TEA, entretanto sem comprovação de que realmente possuem alguma variação do transtorno. Dentre eles, estão: O empresário e investidor Bill Gates; o compositor e pianista Ludwig Van Beethoven; o compositor, pianista e violinista Wolfgang Amadeus Mozart; o físico, matemático, astrônomo, teólogo e autor Isaac Newton; o físico Albert Einstein e o jogador de futebol argentino Lionel Messi.
educação

Quando se trata de um transtorno do neurodesenvolvimento, pode-se dizer que um dos maiores desafios em relação à inclusão do autista é a educação. Mesmo com tanta informação, ainda é muito debatido entre os pais e os professores se as crianças que possuem o TEA devem frequentar turmas regulares ou receber educação especial à parte. Na verdade, foi somente em 1988 o ano em que esse grupo teve direito à educação em escolas especiais. Posteriormente, foi em 1999 que eles puderam frequentar a escola regular junto à educação especial em horários extraclasse e, apenas em 2015, que foi sancionada a Lei 13.146, a qual exige que todo autista exerça direito à cidadania e, assim, frequente a mesma escola que alunos neurotípicos – indivíduos sem TEA - para que todos tenham a mesma base pedagógica e para efetivar um processo de inclusão.
No final do século passado ocorreu uma reforma no sistema educacional, as crianças com TEA passaram a conviver nas turmas regulares, o que gerou um processo de conflito e de adaptação tanto para os infantes quanto para os professores, visto que as pessoas com autismo eram encaradas como “mentalmente incapazes” ou “inábeis” para frequentar uma instituição de ensino. Esse pensamento foi retificado depois da percepção do hiperfoco dessas pessoas, em virtude das conquistas em áreas que são socialmente admiradas, como, por exemplo: artes, música, ciência. Vale ressaltar que, quando diagnosticada precocemente e iniciado as abordagens terapêuticas multiprofissionais, qualquer criança pode desenvolver habilidades para qual o seu hiperfoco demonstra interesse.
Essa adaptação abrange também os professores que não são instruídos devidamente para atender essa demanda que necessita maior cautela e dedicação, especialmente quando se trata da esfera pública. Assim, como os próprios alunos que, por diversos motivos, não entendem a situação do outro, muitas vezes proferir comentários maldosos, desrespeitosos e preconceituosos, como o bullying.
Mesmo com essas adversidades, o número de alunos autistas nas escolas cresceu cerca de 37%, de 2018 para 2019, e o indicativo é que esse número cresça cada vez mais. Ainda há muito a se fazer para melhorar o cenário de inclusão atual, além de que, quando se trata de Ensino Superior, a presença dos alunos com autismo é, predominantemente, de grau leve. Educar uma criança autista requer tempo, paciência e dedicação, assim como educar um jovem autista. Para isso, entretanto, é necessário um empenho coletivo para que todas as facetas sociais aprendam a lidar com a forma como o mundo é para essas pessoas também.
saúde

O autismo não tem uma única causa determinante, podendo ser desenvolvido por vários fatores. Em paralelo a isso, ainda não existe uma cura para o autismo e o seu tratamento não é específico, mas é possível amenizar alguns dos sintomas desse transtorno através de um ou mais métodos terapêuticos, que podem ser aplicados individualmente ou em conjunto.
Algumas terapias são essenciais para o desenvolvimento cognitivo, intelectual e social da criança autista, especialmente quando ela é feita por uma equipe multiprofissional, ou seja, além do médico, o indivíduo com o TEA deve possuir o acompanhamento do fonoaudiólogo, do pedagogo, do psicólogo, alem do auxílio do profissional de Educação Física e do Terapeuta Ocupacional.
Sendo assim, logo que uma criança apresentar comprovados atrasos ou desvios no desenvolvimento intelectual, motor ou de desenvolvimento social, ela deve ser encaminhada para avaliação e acompanhamento com médico especializado em desenvolvimento neuropsicomotor, com avaliação formal para o TEA com o Psiquiatra Infantil ou o Neuropediatra.
O acompanhamento médico consiste em orientar os pais quanto à estimulação adequada, reavaliar mensalmente, encaminhar para serviço de estimulação interdisciplinar especializado, para avaliação com médico especializado em TEA e manter consultas próximas e rotineiras, visando ter com a criança e com os pais um maior apoio e acompanhamento terapêutico.
representatividade

Existem diversos padrões que tangem o conceito de normalidade e para entendê-los, devemos buscar suas origens dentro de um certo contexto histórico, levando em consideração a cultura de um determinado local.
Mas... o que perpetua esses padrões? O que faz com que eles se mantenham relativamente estáveis e como isso pode afetar a vida de um indivíduo que não o segue?
Os meios de comunicação foram evoluindo junto com os avanços tecnológicos. De “boca-a-boca” evoluiu para rádio, depois televisão e, mais além, a internet. O mercado da mídia tem como função expor aquilo que é considerado normal e aceitável, como padrões de beleza e comportamento. Quando se fala em representatividade, estamos falando também em visibilidade, em acesso à informação, em reconhecimento, o que é extremamente importante para que se entenda que a quebra dos paradigmas existentes na sociedade é normal e natural, uma vez que todas as pessoas são diferentes e possuem características especificas e individuais.
Pessoas com o TEA, enfrentam muitas dificuldades diárias para alcançarem seus objetivos pessoais e profissionais. Como seres humanos, todos têm o direito de idealizar um futuro, de almejar uma carreira, de estudar, de querer constituir famílias e de se sentir capaz de ultrapassar as dificuldades da vida. Para isso, muitas vezes, busca-se inspiração naquelas pessoas que vivem ao redor ou são fruto da própria mídia. Sobre essas influências, cita-se o âmbito dos filmes, séries, música, artes, carreira acadêmica. Saber que existe o semelhante e que esse também supera suas dificuldades diariamente, promove um conforto e uma esperança de que as dificuldades podem ser superadas. A busca pelo bem-estar e pelo conforto pessoal é um direito de todos – e, também, da pessoa com o TEA.
O passar do tempo mostrara que há um grande aumento do ingresso de alunos com o TEA, tanto no ensino fundamental quanto no superior, se comparado aos números de décadas atrás. Isso acontece porque, cada vez mais, a informação é compartilhada, as pessoas se tornam mais conscientes e, por consequência, aprendem a se comportar corretamente e a respeitar a individualidade de outrem, ao entender que existem obstáculos, que mesmo em graus diferentes, são adaptáveis – a exemplo do sistema de ensino escolar, médio e superior direcionado a esse público.
Mostra-se que a disponibilidade de conteúdos produzidos por e para autistas, cuja aparição assegura a representatividade desses, permite o desenvolvimento pessoal, a aprendizagem sobre a própria condição, bem como corrobora para o maior sentimento de pertencimento social.
PRECONCEITO

Quando se trata de preconceito, é valido citar que ainda há muito preconceito contra à pessoa com autismo. Isso se dá, muitas vezes, porque poucas pessoas entendem quais os sintomas do transtorno e não sabem agir com um indivíduo que apresenta o TEA. Recentemente, a pessoa com autismo passou a ser considerada deficiente, por meio da criação da Lei Berenice Piana, n° 12.764, em 2012, que institui a "Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista". A medida garante aos autistas que tenham direito a todas as políticas de inclusão do país.
Percebe-se também que muitos problemas relacionados à intolerância e preconceito surgem nas escolas e na fase da adolescência. Uma explicação para isso é que essa é a fase cujas mudanças pessoais podem ser difíceis de lidar, como o surgimento da libido e o crescimento de pelos pelo corpo. Reflete-se, sobre isso, que para pessoas típicas isso já pode ser confuso, para os autistas é um desafio ainda maior por se sentirem desamparados diante de tantas mudanças nos seus costumes. Além disso, geralmente, as escolas não têm uma estrutura adequada para acolher e receber os alunos que possuem o TEA, colaborando, cada vez mais, na sua exclusão social.
Além do ambiente acadêmico, citamos que o espaço social como um todo é minado de preconceitos contra o autista. Pessoas que possuem TEA, normalmente, não têm características físicas do transtorno mas possuem prioridade em filas de bancos e de supermercados, podem estacionar em locais reservados aos deficientes. Entretanto, o desconhecimento geral sobre esses direitos, culminam em situações conflituosas, como estar em uma fila de prioridade e ser questionado sobre o porquê de estar ali, isso acaba levando a pessoa a passar por uma situação constrangedora. Para essas situações existem documentos que devem ser usados com o intuito de comprovar que aquela pessoa tem o referido direito, este documento, por lei, pode ser um laudo médico ou até mesmo uma carteirinha pautada no pré-requisito de que a pessoa já foi diagnosticada com o TEA.
Podcast
Autismo: uma conversa profissional
O conteúdo que esse podcast possui trata sobre a forma como as pessoas sem o TEA podem ajudar no processo de efetivação da inclusão da pessoa com o Transtorno, na visão da psicóloga, especialista no Espectro Autista, Jenifer Muniz.
HQ's DO LUCAS
A Hq’s do Lucas é uma iniciativa que fala do autismo de uma forma diferente. Através do trabalho desenvolvido pelo autor e ilustrador Lucas Moura Quaresma, jovem autista, junto com colaboradores que formam o Hq’s do Lucas Team, são inúmeras coletâneas que nasceram devido a sua habilidade de desenhar, fazendo suas ilustrações desde a infância. Através de suas histórias em quadrinhos o Lucas mostra um pouquinho da sua maneira de ver o mundo, leva alegria, reflexão e incentiva a leitura em muitas crianças.
Fonte: https://www.hqsdolucas.com/comocomeçou
Eu posso, você sabe?
Nos vídeos abaixo, o Caio Felipe conta pra gente como é ser um aluno do ensino superior diagnosticado com TEA, cuja graduação escolhida foi farmácia - no Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Além disso, ele ensina um pouco sobre o Transtorno do Espectro Autista, sobre a relevância de se discutir o assunto e como isso afetou sua vida e fortaleceu o aprendizado em suas vivências.
Conhecendo o mundo do autismo